Esta é uma pequenina história verdadeira que nos vai falar de uma menina de 8 anos e de uma família de pirilampos, ao luar.
A menina era eu que, nessa altura, vivia toda contente, com os meus pais e duas irmãs mais novas, em pleno campo ribatejano!
Foi ali que aprendi a admirar o nascer e o pôr-do-sol; a encontrar as tocas das raposas; a adormecer com os pulinhos e o coaxar das rãs; a salvar as galinhas e os pintainhos das garras dos milhafres; a gostar de ouvir a música dos rebanhos a atravessar os pastos; a assustar-me com as corujas a voar pela noite fora… enfim, a ouvir as mil e uma vozes de uma Natureza viva, e da qual sentia que fazia parte.
À noitinha, muitas vezes escapava-me para mais longe e ia sentar-me junto de um sobreiro já muito muito velho que, no tronco junto ao chão, tinha um buraco muito grande que parecia uma toca escura e misteriosa, e era onde dormiam quatro raposinhos. Eu gostava muito daquele medo bom de ficar ali, à espera que me chamassem de casa, em altos gritos!
Esse, era mesmo um lugar maravilhoso porque de repente, quando eu estava sentada no chão, muito quieta, começavam a girar à minha volta umas luzinhas misteriosas que não faziam barulho nenhum e eu nem sabia donde vinham…
- “São pirilampos!” – disse-me um dia a minha mãe.
Desde essa altura, passei a conversar, à minha moda, com esses leves e brilhantes pirilampos que, para falar verdade, sempre me ouviram muito bem comportados e com a maior atenção!!!
Entretanto, e porque naquela altura ainda não havia Escolas por ali, onde pudéssemos estudar, os meus pais resolveram que era melhor virmos viver para Lisboa. E assim foi. Desde então, era só durante o tempo de férias que voltávamos para o campo. E eu nunca me esquecia de ir passar algum tempo com os meus amigos pirilampos – cada vez mais: filhos, netos ou bisnetos dos que eu já tinha conhecido…
E o tempo foi passando. Acontece que há cerca de vinte e tal anos, tendo seguido a minha vocação de Escritora, dei comigo a trabalhar como Autora da Versão para Português actual, da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto. A convite da RDP (Radiodifusão Portuguesa), de que era Director o Dr. José Manuel Nunes, fiz vários programas de apresentação e leitura de tais textos. Gostei muito desta experiência de Rádio.
Ora já tinha passado algum tempo, e estava eu muito descansadinha em casa, a escrever o que me apetecia, quando certo dia tocou o telefone!!!
Sabem que era?! Pois era, lembro-me perfeitamente, o Dr. José Manuel Nunes (que não tenho ideia de nessa altura ser o Presidente da RDP, que veio a ser…) e que, numa voz divertida me falou assim:
“Ó Maria Alberta, veja lá se se lembra de um animalzinho…talvez um bichinho especial que possa servir para figura de uma Campanha de Solidariedade que queremos lançar aqui na RDP, a favor das crianças da CERCI!!! E que não seja muito complicado de construir – pode ser?”
E claro que disse logo que sim, mas que tinha de desligar o telefone, para pensar melhor. E foi quando, de repente, me lembrei dos meus tempos de criança e dos Pirilampos meus amigos, com as suas luzinhas a brilhar numa noite escura. Como que a chamar a nossa atenção para o seu sentido luminoso!
Não demorei nada a pegar no telefone e a ligar, com a resposta pronta. E resultou assim:
EU – Está lá! Já sei que bichinho pode ser: assim uma bolinha com uns olhinhos a brilhar, um PIRILAMPO…
Do outro lado da linha telefónica, o Dr. José Manuel Nunes quase gritou: …MÁGICO!
E pronto. Foi assim que nasceu o título “PIRILAMPO MÁGICO” para esta Campanha de Solidariedade a favor das Cercis.
MARIA ALBERTA MENÉRES